sexta-feira, 25 de março de 2011

Querido diário de Pablo 5 [Ainda Carnaval]

A mãe de Pablo ficou irada com o que achou em sua sala assim que acordou. Não era para menos, havia um longo cigarro de maconha com a ponta queimada.
- VOCÊ PODE ME EXPLICAR ISSO?- Foram as primeiras palavras que Pablo ouviu no seu terceiro dia de carnaval.
- ... - Ele abriu os olhos e tentou entender o que estava acontecendo - O que é isso?
- VOCÊ SABE MUITO BEM O QUE É ISSO, EU QUERO SABER COMO VEIO PARAR NO CHÃO DA NOSSA SALA!
- Deve ter caido da Jéssica.- Ele não conseguiu pensar em nenhuma outra pessoa, então de fato entregou a dona do tal cigarro.
- E O QUE A JÉSSICA ESTAVA FAZENDO AQUI EM CASA?! - A mãe de Pablo não tolerava que levassem mulheres a sua casa para "tais atos", a casa para ela era um templo sagrado que em hipótese alguma poderia ser "poluído".
- Encontramos ela jogada na rua, completamente embriagada, trouxemos ela aqui, ela tomou banho e foi pra casa.- Pablo falou sem respirar, sem gaguejar e com uma tranquilidade que tranquilizaria um homem bomba a dois segundos de detonar.
Sua mãe acabou acreditando no que de fato não era 100% mentira. Ter aumentado o número de pessoas na história ajudou com que sua mãe acreditasse e um vômito mal limpo em seu banheiro confirmou a história.
O que parecia um fim antecipado do seu carnaval não passou de um impecilho que logo seria esquecido. Russo e Sabiá estavam voltando para casa de Pablo para os últimos dias de carnaval.
A bebida comprada para os quatro dias havia acabado no segundo, então tiveram que ir as compras mais uma vez.
A noite começou um pouco mais 'parada' que as anteriores, Pablo ainda não acreditava no que tinha acontecido e acreditava menos ainda que sua mãe não o tivesse matado. Mas aos poucos eles iam se soltando, conforme a cerveja ia acabando.
Uma jovem senhora de aproximadamente cinquenta anos veio dançando na direção de Pablo toda "serelepe" quando de repente ele ouve:
-Paaaablo, Quanto tempo!
Era uma garota que ele só havia visto uma vez na vida e que nem o nome sabia, o que fez ele ficar um pouco sem jeito e então ela complementou falando bem baixo:
-Eu só falei com você porque você ia pegar a minha mãe.
-Tá maluca? Eu só tava brincando, tu acha mesmo que eu ia pegar a sua mãe?!
Depois de trocar um pouco de cerveja por um selinho, Pablo apresentou Adriana e suas duas amigas ao resto do grupo.
Russo e Sabiá investiram pesado nas amigas de Adriana, Pablo se afastou um pouco afim de deixar com que eles se entendessem, o que por fim acabou acontecendo, mas antes que acontecesse uma "policial" chamou sua atenção.
- Eu fui um mal menino, me prende!- Experimentou ele.
- Se eu te prender não vai ter como soltar.
- Qual é seu nome?- Ele perguntou.
- Patrícia.
- Então só me da um beijo Patrícia!
- Porque seus amigos estão nos olhando?!
- Não faço a menor ideia.
- Eu te dou um beijo, mas vamos sair daqui!
Patrícia segurou a mão de Pablo e o levou consigo.
- Para onde estamos indo? - disse Pablo.
- Não sei, para onde quer ir?
- Eu estava indo mijar quando te encontrei. - Sim, ele disse isso!
- Então vamos!
- Não vai me algemar?
- Perdi as chaves, não vai ter como soltar, quer mesmo ser algemado?
- Quero correr esse risco.
Ela o algemou e foram para uma rua onde as pessoas de fato estavam mijando, mas não era bem isso que ele queria, andaram mais um pouco até que não houvesse mais ninguém e encontraram um beco mais aconchegante.
Pablo não conseguiu grandes coisas, mas foi até muito se levar em consideração onde estavam. O tal beco aconchegante não cheirava muito bem e algumas pessoas passavam olhando. Mas a brincadeira acabou mesmo quando o dono do carro que estavam sentados pediu que se retirassem para sair com o carro. Teve um pequeno problema para se soltar das algemas, o que acabou resultando em um par de algemas quebradas.
Sem raciocinar direito, Pablo concordou em levá-la no ponto de ônibus, mas depois de muito caminhar e raciocinar o quão longe era o ponto dela ele disse que só a levaria em uma rua que era próxima a sua casa, e quando chegou nessa rua:
- Eu só venho até aqui.
- Poxa, vai me deixar andar sozinha até lá?
- Me desculpa, mas eu não sou romântico e nem educado, já te trouxe até aqui e a rua até que está bem cheia, não vai ter perigo nenhum.
E assim o fez, se despediu e voltou literalmente correndo para o bloco. Não que estivesse perdendo minutos valiosos do seu carnaval, mas tinha esquecido completamente que Russo e Sabiá estavam bem longe de casa e iriam dormir em sua casa.
Depois de muito correr encontrou seus amigos já quase chegando no bloco, o suor devido à corrida fez com que seus amigos pensassem que a noite de Pablo tivesse sido excepcional, o que causou uma certa euforia no reencontro, mas logo as dúvidas foram sanadas e foram para casa dormir e esperar pelo derradeiro dia de carnaval.

O último dia de carnaval não teve nada de muito especial, Russo foi para outro bloco, Jorge saiu com uma menina muito bonita, Rafael voltou cedo para casa, Pablo conheceu Débora, a mais linda e última que ele ficou do carnaval e o resto tem menos relevância ainda.
Mas ainda havia todo o resto de uma semana sem aulas pela frente, nesses dias sim havia algo de bem especial o aguardando.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Querido diário de Pablo 4 [Carnaval]

Era manhã do primeiro dia de carnaval e Pablo não tinha grandes planos em mente, preferiu não viajar com seu irmão e ir pro mesmo lugar que ia todo os carnavais e que sempre prometia não voltar, não que ele não gostasse, mas depois de um certo número de carnavais no mesmo lugar acabava ficando chato.
Ele estava completamente sem dinheiro, só receberia uma semana depois do carnaval e sua mãe detestava lhe emprestar dinheiro para bebida. Foi então que ela chegou do mercado e comprou algo que comprava somente em ocasiões especiais, cerveja. Não era muita, na verdade não dava nem pra fazer uma pessoa cambalear, eram apenas duas latinhas de mousebier. Mas a quantidade não importava porque a cerveja não era para ele, ela lhe deu a única idéia que poderia tornar seu carnaval um pouco menos chato: comprar bebida e levar de casa! Como? Com o cartão de crédito que ela mesma havia lhe dado.
É claro que ele não levaria as cervejas na mão, então teve que comprar também uma bolsa térmica, o que reduziu bastante o número de bebida que poderia comprar, gelo o seu congelador faria. Ligou então para Rafael, Jorge e Douglas, um dos seus maiores amigos, e contou sobre a sua brilhante idéia, todos aprovaram e naquela mesma tarde foram às compras. Compraram o essencial, vodka e cerveja e ainda ficaram se perguntando se não estariam comprando bebida demais.
- Se sobrar a gente bebe depois,- Disse Pablo - o que não pode é faltar!
Estava tudo pronto para o carnaval, só faltava mesmo anoitecer, e antes que isso acontecesse seu telefone tocou.
-Koé Pablão, meu carnaval melou e eu to no rio, qual a boa de hoje?- Perguntou Davi.
-Eu e minha galera vamos aqui perto, não é como a zona sul mas já é alguma coisa.
-Então eu e Sabiá estamos indo pra aí!
-Tudo bem, mas tragam dois engradados porque estamos levando bebida de casa, se quiserem podem dormir aqui em casa.
-Beleza, até mais tarde.
Davi e Anderson, ou Russo e Sabiá como todos os chamavam, eram dois amigos que estudaram com Pablo no ensino médio, mas que ainda o acompanhavam em mesas de bares.
O grupo estava fechado e o carnaval começou, decidiram levar metade da cerveja que era para durar todo o carnaval apenas para garantir que não faltasse, o que deixou a bolsa um pouco pesadíssima, mas para cada problema há uma solução e a desse era não ficar com as mãos vazias.
A bolsa foi esvaziando numa velocidade incrível, o que fez com que chegassem lá já um tanto quanto animados.
Não estava muito cheio, chovia aquela noite, mas ao que parecia não era problema para nenhum dos seis. Se divertiam como nunca antes haviam feito, parecia que só ali, já dando adeus a suas adolescências, no mesmo lugar de quase todos os anos anteriores que perceberam o verdadeiro significado de carnaval.
Pablo então conhecera a Carol, a primeira do carnaval e única daquele dia, seus amigos disseram que era muito bonita, ele mesmo nem sabia, havia bebido além da conta, estava de óculos escuros e encharcados ainda por cima, mas mesmo que fosse feia, era carnaval!
Mesmo com toda improbabilidade toda cerveja que levaram acabou, por sorte, já que ninguém queria ter um coma alcoólico. E às duas horas da manhã a musica parou para a infelicidade de todos, então foram forçados a vagar lentos e tortuosos para suas casas.
Era apenas o primeiro dia de carnaval, mas estavam certos de que seria o melhor de suas vidas.

O segundo dia começou como todo dia após uma noite de exageros, "nunca mais vou beber" era o que todos diziam, mas ninguém é louco ou lúcido o suficiente para cumprir tal promessa, então lá foram eles, dessa vez sem Russo e Sabiá que haviam ido embora prometendo voltar no dia seguinte, mas com a mesma bolsa, a mesma quantidade de bebida -a outra metade- e o mesmo plano: esvaziar o mais rápido possível para deixar mais leve.
Como todo bom plano, este estava funcionando bem e chegaram mais uma vez felizes e contentes para mais uma noite de folia, dessa vez um pouco mais cheia já que não estava chovendo.
Sem dúvidas foi o dia mais marcante do carnaval, pelo menos para Pablo, além de ser o dia que mais saiu com garotas, chegou ao "incrível" marco de duas,Julia e Josy, antes que a música cessasse às duas da manhã, após as duas encontrou a única pessoa que não gostaria encontrar, não enquanto estivesse sóbrio, mas não estava, naquela noite além da cerveja beberam também a garrafa de vodka e Pablo já não raciocinava direito. Antes que percebesse já estavam se beijando, Pablo encontrara Jéssica.
Ela estava em estado igual ao dele, senão pior. E já que encontrara ao final da festa teve a única idéia que qualquer bêbado no seu lugar poderia ter: "Vou levá-la para casa... a minha casa.".
Foi o que fez, não com muita facilidade, já que os dois se arrastavam pelas ruas, levaram quase duas horas em um caminho que facilmente é percorrido por uma idosa com artrite em vinte minutos.
Enfim chegaram, e Jéssica perguntou:
-Tem camisinha?
Pablo apenas fez que sim com um sorriso de quem esperava por aquela pergunta.
A mãe de Pablo não tolerava a presença de "ficantes" em casa, então ele fez o máximo possível para não acordá-la, o que não funcionou muito bem já que quando ele subiu para pegar a camisinha ela perguntou:
-Quebrou alguma coisa lá embaixo?
-Quase isso.- Respondeu ele sem pensar bem nas conseqüências dela levantar para averiguar, o que não aconteceu por uma sorte quase divina.
As coisas correram quase como o planejado, Pablo conseguiu fazer com que Jéssica voltasse para casa antes que sua mãe resolvesse descer e acabar com sua vida. Mas nem tudo correuperfeitamente bem.
Um cigarro pertencente à Jéssica caiu no chão da sala, o que já traria muitos problemas, mas não era um cigarro comum, era provavelmente o maior baseado que Pablo veria na vida. O problema é que ele não viu naquela noite e quando viu ele já estava nas mãos da sua mãe que àquela altura já fazia as maiores juras de desgosto de sua vida...

Alguns Traumas.

Já faz alguns anos que eu conheci a L, uma menina quase bonita, com um lindo corpo que chamou muito minha atenção. Eu nunca fui muito de namorar e nunca tive relacionamentos mais duradouros que uma semana. Ela morava longe e passava curtos prazos na casa dos tios, que era perto da minha casa. As pessoas comentavam que ela estava me dando condições e não demorou muito começamos a sair.
Por falta de experiência e bastante infantilidade eu nunca me sentia bem com compromissos, e eu comecei a me sentir um tanto sufocado por estar saindo com alguém que estivesse tão perto da minha casa (ela passaria a semana toda na casa dos seus tios). Então por um surto de infantilidade e covardia, comecei a fugir desesperadamente e paramos de ficar. Foi difícil, mas como tirar um grande peso das costas.
Mesmo morando longe, suas visitas à casa dos tios estava cada vez mais freqüentes e acabamos voltando a sair. Dessa vez ela trazia uma notícia nova, estava namorando, mas o que parecia ser um grande problema virou solução, eu gostei muito de saber daquilo, era a barreira ideal para evitar compromissos.
O que parecia um curto lance de carnaval foi se prolongando e acabamos ficando pelos três anos seguintes e ela teve três namorados diferentes nesse período. Não tenho nada a reclamar do nosso caso casual, mas isso me mudou de tal forma que me traz muitos arrependimentos, ela não teve culpa nenhuma.
Enquanto eu saia com ela eu fui endurecendo a tal ponto que cheguei a desacreditar no amor, não sentia ciúmes porque me sentia em uma posição "privilegiada" e de tanto ouvir as desculpas que ela dava para o namorado, sobre as brigas que eles tinham e as mentiras que contava perdi uma certa inocência que é essencial para um bom relacionamento.
Hoje em dia tenho dificuldade de acreditar nas pessoas, consigo reconhecer uma mentira com mais facilidade e até confundir o que não é mentira como se fosse uma.
Desde então, eu fui o outro de muitas outras, e ainda sou. Mas só depois que percebi esses traumas passei a não me sentir bem com isso.
Passamos metade da vida querendo ser o que não somos e a outra metade querendo voltas a ser o que eramos.