- VOCÊ PODE ME EXPLICAR ISSO?- Foram as primeiras palavras que Pablo ouviu no seu terceiro dia de carnaval.
- ... - Ele abriu os olhos e tentou entender o que estava acontecendo - O que é isso?
- VOCÊ SABE MUITO BEM O QUE É ISSO, EU QUERO SABER COMO VEIO PARAR NO CHÃO DA NOSSA SALA!
- Deve ter caido da Jéssica.- Ele não conseguiu pensar em nenhuma outra pessoa, então de fato entregou a dona do tal cigarro.
- E O QUE A JÉSSICA ESTAVA FAZENDO AQUI EM CASA?! - A mãe de Pablo não tolerava que levassem mulheres a sua casa para "tais atos", a casa para ela era um templo sagrado que em hipótese alguma poderia ser "poluído".
- Encontramos ela jogada na rua, completamente embriagada, trouxemos ela aqui, ela tomou banho e foi pra casa.- Pablo falou sem respirar, sem gaguejar e com uma tranquilidade que tranquilizaria um homem bomba a dois segundos de detonar.
Sua mãe acabou acreditando no que de fato não era 100% mentira. Ter aumentado o número de pessoas na história ajudou com que sua mãe acreditasse e um vômito mal limpo em seu banheiro confirmou a história.
O que parecia um fim antecipado do seu carnaval não passou de um impecilho que logo seria esquecido. Russo e Sabiá estavam voltando para casa de Pablo para os últimos dias de carnaval.
A bebida comprada para os quatro dias havia acabado no segundo, então tiveram que ir as compras mais uma vez.
A noite começou um pouco mais 'parada' que as anteriores, Pablo ainda não acreditava no que tinha acontecido e acreditava menos ainda que sua mãe não o tivesse matado. Mas aos poucos eles iam se soltando, conforme a cerveja ia acabando.
Uma jovem senhora de aproximadamente cinquenta anos veio dançando na direção de Pablo toda "serelepe" quando de repente ele ouve:
-Paaaablo, Quanto tempo!
Era uma garota que ele só havia visto uma vez na vida e que nem o nome sabia, o que fez ele ficar um pouco sem jeito e então ela complementou falando bem baixo:
-Eu só falei com você porque você ia pegar a minha mãe.
-Tá maluca? Eu só tava brincando, tu acha mesmo que eu ia pegar a sua mãe?!
Depois de trocar um pouco de cerveja por um selinho, Pablo apresentou Adriana e suas duas amigas ao resto do grupo.
Russo e Sabiá investiram pesado nas amigas de Adriana, Pablo se afastou um pouco afim de deixar com que eles se entendessem, o que por fim acabou acontecendo, mas antes que acontecesse uma "policial" chamou sua atenção.
- Eu fui um mal menino, me prende!- Experimentou ele.
- Se eu te prender não vai ter como soltar.
- Qual é seu nome?- Ele perguntou.
- Patrícia.
- Então só me da um beijo Patrícia!
- Porque seus amigos estão nos olhando?!
- Não faço a menor ideia.
- Eu te dou um beijo, mas vamos sair daqui!
Patrícia segurou a mão de Pablo e o levou consigo.
- Para onde estamos indo? - disse Pablo.
- Não sei, para onde quer ir?
- Eu estava indo mijar quando te encontrei. - Sim, ele disse isso!
- Então vamos!
- Não vai me algemar?
- Perdi as chaves, não vai ter como soltar, quer mesmo ser algemado?
- Quero correr esse risco.
Ela o algemou e foram para uma rua onde as pessoas de fato estavam mijando, mas não era bem isso que ele queria, andaram mais um pouco até que não houvesse mais ninguém e encontraram um beco mais aconchegante.
Pablo não conseguiu grandes coisas, mas foi até muito se levar em consideração onde estavam. O tal beco aconchegante não cheirava muito bem e algumas pessoas passavam olhando. Mas a brincadeira acabou mesmo quando o dono do carro que estavam sentados pediu que se retirassem para sair com o carro. Teve um pequeno problema para se soltar das algemas, o que acabou resultando em um par de algemas quebradas.
Sem raciocinar direito, Pablo concordou em levá-la no ponto de ônibus, mas depois de muito caminhar e raciocinar o quão longe era o ponto dela ele disse que só a levaria em uma rua que era próxima a sua casa, e quando chegou nessa rua:
- Eu só venho até aqui.
- Poxa, vai me deixar andar sozinha até lá?
- Me desculpa, mas eu não sou romântico e nem educado, já te trouxe até aqui e a rua até que está bem cheia, não vai ter perigo nenhum.
E assim o fez, se despediu e voltou literalmente correndo para o bloco. Não que estivesse perdendo minutos valiosos do seu carnaval, mas tinha esquecido completamente que Russo e Sabiá estavam bem longe de casa e iriam dormir em sua casa.
Depois de muito correr encontrou seus amigos já quase chegando no bloco, o suor devido à corrida fez com que seus amigos pensassem que a noite de Pablo tivesse sido excepcional, o que causou uma certa euforia no reencontro, mas logo as dúvidas foram sanadas e foram para casa dormir e esperar pelo derradeiro dia de carnaval.
O último dia de carnaval não teve nada de muito especial, Russo foi para outro bloco, Jorge saiu com uma menina muito bonita, Rafael voltou cedo para casa, Pablo conheceu Débora, a mais linda e última que ele ficou do carnaval e o resto tem menos relevância ainda.
Mas ainda havia todo o resto de uma semana sem aulas pela frente, nesses dias sim havia algo de bem especial o aguardando.