terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Querido diário de Pablo 3 [Copacabana]

Era o último dia de aula de Pablo naquela escola, estava terminando o ensino médio e ele fora lá para acertar alguns pequenos problemas com suas notas e como era de costume beber com seus amigos, mas como também era de costume eles não apareceram.
Pablo então tentou se enturmar com a outra parte da turma, que ironia, teve três longos anos para fazer isso e no último dia no último ano que ele tenta. No começo não deu muito certo, assistiu a um amigo oculto do qual não fora convidado a participar e roubou alguns bombons que Patrícia, a única garota dali com quem conseguia manter um diálogo com mais de 4 frases, havia ganhado na brincadeira.
Dali eles foram para o "Foda-se", uma rua apelidada assim por acontecer de tudo nela, e é claro, haviam muitos bares lá.
Ao fim da primeira garrafa da vodka mais barata que conseguiram comprar Pablo já estava enturmado, falava de sua vida como se estivesse conversando com amigos de infância, de fato viraram grandes amigos, mas a noite só estava começando.
Tayana, com quem Pablo nunca falara mais que um "oi" até aquele dia, recebeu um telefonema de sua mãe avisando que ela passou em um concurso que queria muito, e é óbvio, ela queria comemorar.
Pablo já ficara quase sem dinheiro com a compra da vodka mas a felicidade de Tayana era tanta que ela se propôs a bancar a companhia dos seus amigos.
Pegaram então um ônibus para Copacabana. Ainda no ônibus entrou um rapaz pela porta de trás com um violão e começou a tocar uma música que deixou Pablo tão embasbacado que ele deu todo o resto do dinheiro para o sujeito. Depois descobriu que era uma musica do Raul Seixas -claro, ninguém que compusesse uma música daquelas tocaria em um ônibus.
Chegaram em Copa e foram para um quiosque de praia, beberam algumas caipirinhas, falaram coisas das quais se arrependeriam depois e foi então que chegou um Playboy, amigo de Tayana, convidando todos para uma social em sua casa, seus pais haviam viajado.
É claro que nenhum bêbado seria louco de negar uma dessas. E foram todos para a tal social.
No caminho Pablo viu que o novo integrante do grupo estava conversando muito com Patrícia, e pior percebeu que ele mesmo estava se sentindo atraido por ela.
Chegaram lá e perceberam que a social era composta apenas pelos filhos dos donos da casa e por eles mesmos. Patrícia e o tal Playboy foram conversar um pouco destacados, mas Pablo não era bobo, se não fizesse nada perderia a garota e se fizesse alguma coisa, bem, o máximo que poderia acontecer era perder a garota mesmo.
Com o maior espírito de "empata foda" se juntou ao casal para conversar, a princípio foi um pouco evitado, mas com o tempo viram que o inconveniente não iria se mancar então ficaram conversando os três.
Já passavam das duas horas e Pablo dissera para sua mãe que ia "sair com os amigos" sem grandes explicações, foi então que sua mãe ligou exigindo que ele fosse para casa naquele instante, ele disse que obedeceria, mas assim que desligou o telefone pensou "puta que pariu, não tenho dinheiro para ir pra casa!" sua sorte foi que ele pensou tão alto que seu concorrente ouviu e certamente teve a brilhante idéia "vou dar dinheiro para ele voltar para casa e enfim fico com ela".
-Esquenta com isso não, toma aqui velho.- ofereceu cinco reais a Pablo.
-Caralho, quebrou um galhão agora.- e pegou o dinheiro sem pensar - Vamos Patrícia?!
Por essa o Playboy não esperava, ela aceitou ir embora com ele.
Pablo ficou com a Patrícia dentro de um ônibus, só lembra que era amarelo, nem sabia ao certo pra onde estava indo mas conseguiu chegar em casa.
Foi a primeira vez que ele ganhou dinheiro para beber e ficar com alguém.
Noite memorável.

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